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Domingo, 23 de Novembro de 2008
José Gameiro

As gentes da nossa aldeia foram mais uma vez noticia no jornal Reconquista, desta vez na sua edição de 13 do corrente mês, pode-se ler a história da vida de José Gameiro que aos 92 anos, guarda em si um espirito de juventude invejavel. Todos em Salvador conhecem o José Gameiro e por isso sabem a sua idade, mas ninguem diria que aquele homem com a sua genica está a menos de 8 anos de completar uma século de vida. 

 

A seguir reproduzo a noticia de Jaime Pires do jornal Reconquista.

 

"Ainda cultiva a terra com ajuda do macho

O descanso do antigo contrabandista

Aos 92 anos, José Gameiro não sabe o que é ir a um médico ou ingerir um comprimido. O ex-contrabandista é dos homens mais idosos da aldeia de Salvador.

 

 

Quando nasceu ainda o homem não tinha pisado a lua. Mas sobre este feito diz que “na lua andamos nós”, distraídos com coisas que afinal não servem para nada e se assim continuar no mundo visto aos olhos de José Gameiro, “ainda vai haver muita fome”. Do passado o ancião da freguesia do Salvador, em Penamacor, andou durante 9 anos no contrabando e mais de 20 passados no outro lado da fronteira. Foram muitos os companheiros que ajudou a partir a salto pela noite, porque o contrabando era actividade recorrente num país onde tudo faltava. A galope num cavalo, José Gameiro conhecia bem as serras e rios que tinha que atravessar e com ele todos os outros contrabandistas que arriscavam a vida por uma vida melhor.

 

José Gameiro é do tempo em que a fome e a miséria se abateram sobre a Raia, onde mais de metade da população emigrou. Os que ficaram dedicaram-se ao campo ou ao contrabando.

 

Passados 9 anos no contrabando José Gameiro foi dos poucos da sua geração que resistiu aos apelos do estrangeiro e regressou ao Salvador, mas por pouco tempo. Chegou ainda a tomar conta de umas poucas cabeças de gado mas o apelo a regressar a Espanha foi mais forte. E por lá andou cerca de 20 anos. Nesse tempo havia gente na aldeia, mas não a suficiente para encher a escola primária, local onde José Gameiro nunca chegou a entrar porque era preciso para trabalhar e ajudar a família de oito irmãos.

 

O homem que viveu dos dois lados da fronteira junta-se hoje aos de mais idade, todos com mais de 90 anos. Mas, José Gameiro é dos poucos que pode dizer com orgulho que nunca foi ao médico e nunca ingeriu um comprimido. As maleitas da vida lá as foi suportando como podia. Do passado lembra o tempo em que no Salvador, os da sua geração, fugiram à fome, outros à guerra colonial e outros partiram à procura de melhor vida e deixaram a terra ao cuidado dos mais velhos. Hoje os novos não querem trabalhar a terra e José Gameiro, o homem que aos 92 anos ainda com a ajuda de um macho cultiva a terra, diz com tristeza que “hoje não querem trabalhar, ninguém quer o campo mas ainda haverá muita fome”. Os campos estão baldios porque dizem que a agricultura já deu o que tinha a dar mas José Gameiro não desiste daquilo em que acredita e todos os dias são passados no campo, porque diz, nunca ter feito outra coisa.

 

Dias de contrabando

 

As memórias de José Gameiro confundem-se com as memórias do contrabando e foi lembrando que “levar café para o outro lado significava trazer dinheiro para sustento da família”. O ex-contrabandista sorri ao lembrar-se das artimanhas que encontrava para enganar a Guarda-Fiscal e os carabineiros, que controlavam a zona de fronteira. José Gameiro dormiu ao relento e um dia o cavalo fê-lo mergulhar até ao pescoço no rio. Enfrentou perigos que nem os 92 anos os fazem apagar da memória das vivências do contrabando que fazem parte da história da Raia. Chegou a temer o pior nas viagens que fez vezes sem conta transportando café e fazendas. Hoje, viúvo, com quatro filhos, passa os dias a trabalhar no campo com a ajuda do macho a que chama de “marreco”, porque nas suas terras não há máquinas que entrem, só mesmo ajuda de uma gadanha e da força humana.

 

Acompanha a refeição com um copo de vinho e ao deitar não dispensa um golinho de aguardente. Gosta de dançar, de ver televisão e já fez vezes sem conta o trajecto a pé entre Penamacor e Salvador."

 

  



publicado por salvador4ever às 23:52
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